quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres da minha vida!

Eu particularmente nem "gosto" muito desse lance de "dia das mulheres", mas hoje eu preciso homenagear as mulheres da minha vida. 


Era uma segunda-feira 7 de março de 2005, cheguei a noite em casa, e minha avó estava lá sentada, na cadeira dela. Eu pedi a benção, e ela me perguntou: "Você está triste?". Eu disse que não, estava normal, sei lá! 


Ela se levantou, e com a bengala foi andando até o quarto e disse que ia dormir. Minha avó era uma pessoa engraçada. Uma mulher a frente do seu tempo! Mesmo com seis filhos, enfrentava meu avô e não ligava para a opinião dos outros. 


Enfrentou um alcoolismo que lhe tirou a saúde, mas deixou de beber "pelos netos". Era também minha madrinha. Apesar da clara preferência que ela tinha pela minha irmã Lais, era interessante ver o comportamento dela. 


Escrachada, falava palavrão e sobre sexo sem pudor nenhum. Era quase páreo para Dercy Gonçalves! 


Ela vivia cantando! Como ela gostava de cantar! Aquilo às vezes irritava, mas aos poucos, com a maturidade, fui aprendendo que era aquilo mesmo. 


Um dia, eu perguntei: "Vó, o que você tanto pensa?" 
- Eu sonho, faço meus castelos de areia...


E ria! Andava o bairro todo, toda vez que vinha para Campo Grande e todos a conheciam. 
"Aoooow Dona Zefa", gritava um do outro lado da rua!


E as balas? Estavam sempre no bolso dela! E ela distribuía balas sempre acompanhadas de um sorriso ou uma piada.


E então, pouco mais da meia noite, já era dia internacional da mulher e minha irmã veio em meu quarto, gritando: 


"A vó está passando mal, se troca!". Acredito que nunca me troquei tão rápido! 


Ela teve um ataque cardíaco! Colocamos ela dentro do carro. Ela em meus braços no banco traseiro, minha mãe dirigindo e minha irmã num desespero tentando reanimá-la com massagem cardíaca. Ao passar pela Praça das Araras, ela deu o "último suspiro". 


E morreu, ali em meus braços... No dia da mulher, eu embalei em meus braços o último suspiro de uma das maiores mulheres que conheci! 


Eu olhei para a minha irmã e não precisei dizer nada! Nem a minha mãe! Só disse: "Continua!"


Existia outra mulher ali, para ser protegida, era minha mãe, ao volante. 


Ao chegar na Santa Casa, o atendente informou o óbito dentro do carro, em meus braços ainda. 


"Eu sei, mas não poderia deixar minha mãe se arriscar ao saber que tinha perdido a mãe". 


E ali, nos abraçamos, eu, minha mãe e minha irmã. E choramos no Dia da Mulher, a morte de uma grande mulher!


E foi ali, que eu vi, que eu também era uma grande mulher! 


E que aquelas duas ali chorando, eram as mulheres da minha vida!


Parabéns a Ana Lucia Furlan Berrocal, Lais Caroline Berrocal Barreto, Liziane Berrocal, Anna Carolina Berrocal, Camila Berrocal e Anna Beatriz Berrocal. 

E a todas aquelas mulheres, que lutam para ser respeitadas como mulheres... 




7 comentários:

Karyna disse...

Adorei o texto, apesar de contar um "capítulo"triste da vida de vocês... mas a vida é assim mesmo, uns chegando; outros partindo... E mulheres especiais merecem ser homenageadas hoje e sempre!!! Bj

Igor disse...

Aos poucos todos vamos entendendo a razão de tua força, Liziane.

Liany Lima disse...

Lizii...

Me emocionei, inevitavel, diante de um relato comovente de uma parte da sua vida. Imagino mesmo que ela era especial, e sei que a tem como modelo em sua vida, assim como também tem a sua mãe e sua irmã. Obrigada por ter compartilhado sua história, porque assim temos a oportunidade de conhece-la melhor e saber de onde vem esta Grande Mulher que és.... Saibas que ela também se orgulha de ti...Besosss

Lais Caroline Furlan Berrocal Barreto disse...

Nesse dia acabei perdendo umas das melhores pessoas que pode fazer parte da minha minha...Só eu sei a falta que ela me faz!!!Amo ela incondicionalmente.

Evelise Couto disse...

Que historia incrível, Berro! de arrepiar! parabéns pra mulherada de fibra e pra aquelas que ainda não aprenderam o que é ser mulher de verdade, mas que carregam dentro de si todo o potencial. somos todos sementes.

Tathiane Panziera disse...

Nossa... Li e arrepiei, apesar de atrasadinha ¬¬

Fato triste #História Interessante

Anônimo disse...

é realmente nossa avô era demais. Mulher incrivel, experiente, feliz e de bem com avida. Não tinha tempo ruim...Saudades dela