segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Flerte Fatal


No momento em que o assunto crack toma conta do noticiário nacional, com a ação da polícia e do poder público nas “cracolândias” da maior cidade do país, uma cena me chama atenção logo as 8h da manhã de uma segunda-feira. 

Mais uma vítima do flerte fatal...



Uma mulher loira, não mais do que 25 anos, totalmente destruída. Louca de “pedra” literalmente, ela gesticula para o carro quando estou a caminho do serviço. Tão deprimente quanto a cena de ter que ver o estado que uma jovem, antes tão linda, ficou por causa da droga. Ela foi uma das minhas personagens para uma reportagem especial para a revista Semana On-line, onde pude exercitar o "jornalistar". E os números são alarmantes!

Segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) são cerca de seis milhões de usuários de drogas no Brasil, uma delas é Cletiane. Eu a conheci jornalistando por aí. Ela ia completar 15 anos na época, e já se gabava de fumar maconha desde os 13. Aliás, seu filme preferido era “Aos 13”. E ela passou a engrossas as estatísticas. Tomei um susto  quando eu a revi, seis anos depois. A morena cor de jambo, que lembrava Camila Pitanga ficou para trás.

O rosto se transformou em um emaranhado de “feridas” causadas pelo uso contínuo de álcool e drogas e o corpo que outrora foi lindo, destruiu-se nas gestações não planejadas e nas noites perdidas.  O que continuava do mesmo jeito eram a inércia e o desespero da mãe diante de tal quadro. Ela sempre reclamava. “Eu procuro ajudo, mas todo mundo me diz que não pode fazer nada!”.

E eu, que já tive experiência no assunto, sabia que era verdade. É difícil para uma família de viciados tratarem a doença. É difícil para o viciado conseguir sair do círculo vicioso. E tudo é mais difícil ainda quando não se tem conhecimento nem condições financeiras de buscar o melhor tratamento. Com o custo mensal em torno de R$ 5 mil em uma clínica particular, como uma mulher igual a aposentada Sônia poderia bancar o tratamento da filha? Uma pedra de crack custa R$ 5,00 e faz a “fissura” passar. 

E quantas meninas e meninos não estão na mesma situação? Correndo riscos, pois segundo estudos 1/3 dos usuários de crack morrem e 85% das mortes são causadas pela violência. Será preciso que a jovem seja mais uma vítima?

Pesquisa realizada em 68 dos 78 municípios de Mato Grosso do Sul mostrou que o consumo do crack está presente em 60 localidades (das 68 pesquisadas). 

Em Mato Grosso do Sul o nível do consumo da droga varia entre alto e médio. A região Centro-Oeste é a segunda maior em percentual de cidades com ocorrência do crack com 91% de índice. Em primeiro lugar está a região Sudeste com 93% de ocorrências, a região Sul tem índice de 90%, Nordeste 89% e Norte com menor incidência de ocorrência com 86%. (Fonte: Revista VEJA). 

E o tempo passa, e percebo que quase nada é feito. Animei-me com alguns esforços políticos como o do deputado Fabio Trad que defende a internação compulsória e está empenhado no assunto, porém ainda vejo muita hipocrisia e falta de informação para discutir o assunto drogas. Vejo inércia do governo estadual e talvez no CAPS um trabalho solitário, mas que precisa ser melhor difundido.

É preciso ir mais além, e a imprensa tem um papel importante nisto. Mostrar além do drama e da violência, mas o uso e abuso de drogas como uma questão de saúde pública. Uma epidemia. A droga não começa de maneira ruim, ela dá prazer ao usuário – seja ele esporádico ou viciado. E é esse prazer que muitos “especialistas” estão esquecendo-se de comentar e debater nas escolas, em casa, na mídia e até mesmo no jornalismo diário. E se preocupam tanto com São Paulo, que esquecem que em Campo Grande também temos nossas cracolândias!

E acreditem, não adianta defender que “viciadinho” tem tudo que morrer ou coisas do tipo. A droga, o vício, não escolhe classe social, intelectual ou moral. Não escolhe raça, nem etnia ou muito menos opção sexual. Ela está ali do lado, e pasme: pode estar dentro da sua casa! E é isso que devemos mais temer e cuidar, pois nessa questão, a conscientização e a educação ainda é o único caminho para conseguirmos acabar com essa praga. 

Quem quiser ler a matéria é só acessar: 





terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Lágrima e chuva...

"eu vou contando as horas, e fico ouvindo passos...
quem sabe o fim da história, de mil e uma noites de suspense no meu quarto???"

Hoje recordei de um tempo bom, um tempo em que eu tocava na fanfarra. Era pratista, e amava aquilo. E uma das músicas que tocávamos e "Lágrimas e Chuva" do Kid Abelha. A música tem uma letra que sempre me chamou atenção...

"Eu perco o sono e choro
Sei que quase desespero
Mas não sei por quê"
Engraçado, às vezes acontece isso comigo mesmo... Uma angústia, que eu não sei de onde vem. Nesses momentos, eu tento "firmar" o pensamento e não deixar que a dor tome conta de mim.
"A noite é muito longa,
Eu sou capaz de certas coisas
Que eu não quis fazer."

Isso também já aconteceu comigo! Quantas coisas que somos capazes, fazemos, mesmo se não queremos! Hoje, eu ouvi o professor Mario Sergio Cortella falando que ética é você considerar os três princípios básicos: quero, posso e devo!

"Tem coisa que eu quero mas não devo, tem coisa que eu devo mas não quero e tem coisa que eu posso mas não quero. E quando você tem paz de espírito? Quando aquilo que você quer, é o que você pode e é o que você deve!".

Nem sempre a gente consegue ou tem isso né? Talvez por isso somos capazes de certas coisas, que não devemos, como chorar e chorar até doer...

"Será que alguma coisa,
Nisso tudo, faz sentido?
A vida é sempre um risco,
Eu tenho medo do perigo."


Pois é! Quantas vezes não nos perguntamos se uma situação realmente faz sentido! Estou vivendo um turbilhão de sensações! E pergunto-me o tempo todo qual o sentido disso tudo. E vivo também com esse tsunami de acontecimentos um constante perigo, pois sei que de que qualquer forma eu estou correndo perigo de sofrer, de derramar lágrimas.


Ao mesmo tempo, sei que tudo isso vai me fazer crescer!

No pain, no gain! Acredito então que esse seja o sentido?
Lágrimas e chuva
Molham o vidro da janela
Mas ninguém me vê.

Pois é... Ninguém me vê! Por que quando estamos nesse turbilhão de sentimentos, parece-nos que estamos totalmente sozinhos??? Me sinto assim muitas vezes! E me imagino na janela, olhando a chuva e minhas lágrimas se misturando as gotas que caem do céu... (E eu acho linda essa parte da música!).

"O mundo é muito injusto
Eu dou plantão nos meus problemas
Que eu quero esquecer..."


Eu dou plantão nos meus problemas! Poutz! Essa música é para jornalistas mesmo! Bem para nós, que vivemos de plantão! 

E sim, ando dando plantão nos meus problemas! E nessas horas, eu considero o mundo muito injusto!
Mas daí, eu olho ao lado, e vejo: "Não é possível jogar baldes d'água em violetas..."


Sem querer ser piegas... Hoje é meu dia de solidão mental, onde lágrimas e chuva molham o vidro da janela e ninguém me vê... (que acredito que deve durar um pouco mais que um dia!)...

Enquanto isso, eu vou contando as horas...



E deixo com vocês a linda Paula Toller!